
O Athletico viu surgir nesta semana uma sondagem em cima do técnico Odair Hellmann, feita pelo Internacional. Se o negócio realmente sair, será a segunda vez que o time paranaense perde um treinador na “Segunda Era Petraglia”, iniciada em 2012.
Em 2012, o presidente Mario Celso Petraglia voltou a dar as cartas no Athletico, após vencer a eleição de 2011. Na ocasião, o time tinha acabado de ser rebaixado à Série B. Desde então, a diretoria demitiu 28 profissionais. Houve ainda algumas trocas de cargos, quando o treinador vira dirigente ou volta para categorias de base.
O único que cedeu às tentações de outro clube foi Tiago Nunes, em 2019. Em 5 de novembro, ele descartou renovar o contrato (que iria até o fim do ano) e disse que sairia para comandar o Corinthians em 2020, mas que pretendia ficar no Athletico até o fim do Brasileirão. No mesmo dia, a diretoria o demitiu. No dia 7, ele foi anunciado pelo clube paulista. Fora isso, não houve registro de outro técnico que deixou o Furacão para dirigir outra equipe – como seria o caso se Odair Hellmann aceitar a proposta do Internacional.
Pediram para sair
Não que nenhum dos treinadores desde 2012 tenha tomado a iniciativa de sair do cargo. Isso aconteceu quatro vezes nas últimas 14 temporadas. Em 2014, o espanhol Miguel Angel Portugal pediu demissão em maio, alegando falta de melhores condições de trabalho. Em 2017 e 2021, Paulo Autuori largou o dia a dia dos treinos e jogos para virar dirigente no próprio Athletico.
Em 2023, o técnico Luiz Felipe Scolari também deixou o cargo para virar diretor no Athletico. Contudo, em junho ele aceitou uma proposta do Atlético-MG para voltar a ser treinador. Apesar de ter trocado o Furacão por outro clube, Scolari já não era o técnico. O comando à beira do campo estava com seu apadrinhado Paulo Turra – que acabou demitido quando Scolari trocou a Arena da Baixada por Belo Horizonte.
Por fim, o técnico Cuca pediu para sair após um frustrante empate em casa com o Corinthians, em 23 de junho de 2024. O pedido, feito ainda no vestiário, causou surpresa, mas havia quem interpretasse como uma declaração feita de cabeça quente. Em vez de tentar contornar, a diretoria bancou o pedido e confirmou sua saída no dia seguinte.
Mudança
Houve, contudo, um caso peculiar. Em 2019, Rafael Guanaes havia dirigido o time de aspirantes do Athletico no estadual. Sagrou-se campeão, mas depois voltou a comandar o time sub-20. Em fevereiro de 2021, ele foi para o Sampaio Corrêa-MA, com a perspectiva de trocar o trabalho em categorias de base por um cargo de treinador efetivo. Guanaes é o mesmo que levou o Mirassol ao quarto lugar no Brasileirão, obtendo uma vaga na Copa Libertadores de 2025.
Odair
Odair Hellmann pode quebrar a escrita de que treinadores do Athletico não tomam a iniciativa de trocar de clube? Tecnicamente, ele tem contrato até maio de 2025 e já disse que, se dependesse dele, renovaria por dois anos. Além disso, participa ativamente da montagem do elenco para 2026.
Contudo, o técnico tem uma ligação forte com o Internacional. Lá, profissionalizou-se como jogador de futebol em 1997. Passou a integrar a comissão técnica em 2009. Foi o técnico que assinou a súmula dos últimos jogos na campanha do acesso à Série A em 2017. Levou o time ao vice-campeonato da Copa do Brasil, em 2019. E, neste século, é o técnico que ficou mais tempo consecutivo no cargo (quase dois anos).
A sondagem ocorreu depois que o Inter confirmou presença na Série A do próximo ano. Abel Braga foi o treinador nas duas últimas rodadas do Brasileirão, assumindo depois que o time foi parar na zona de rebaixamento. Abel evitou a queda, mas disse que depois disso voltaria à aposentadoria. Momento agora, o clube está sem comando. E busca um nome para 2026.
Dentro do Athletico, contudo, não se cogita a saída do treinador, que tem contrato até maio do próximo ano. Pelo contrário: a diretoria pensa em renovar o contrato no mínimo até o fim de 2026. E o treinador já participa ativamente do planejamento para o próximo ano. Em caso de saída, haveria o pagamento de uma multa rescisória.
As trocas de treinador no Athletico desde 2012
2012
- Juan Ramon Carrasco: demitido pela diretoria em junho. Deu lugar a Jorginho “Cantinflas”
- Jorginho “Cantinflas”: demitido pela diretoria em agosto. Deu lugar a Ricardo Drubscky
2013
- Arthur Bernardes: dirigiu o time no Estadual. Demitido pela diretoria no fim do ano
- Ricardo Drubscky: demitido pela diretoria em julho. Deu lugar a Vagner Mancini
- Vagner Mancini: demitido pela diretoria no fim do ano. Deu lugar a Miguel Angel Portugal
2014
- Dejan Petkovic: dirigiu o time no Estadual. Voltou para a comissão técnica depois disso. Demitido pela diretoria em junho
- Miguel Angel Portugal: pediu demissão em maio. Deu lugar a Doriva
- Doriva: demitido pela diretoria em agosto. Deu lugar a Claudinei Oliveira
2015
- Marcelo Vilhena: voltou para a comissão técnica após dirigir o time no Estadual. Saiu em 2016
- Claudinei Oliveira: demitido pela diretoria em março. Deu lugar a Enderson Moreira
- Enderson Moreira: demitido pela diretoria em abril. Deu lugar a Milton Mendes
- Milton Mendes: demitido pela diretoria em setembro. Deu lugar a Cristóvão Borges
2016
- Cristóvão Borges: demitido pela diretoria em março. Deu lugar a Paulo Autuori
2017
- Paulo Autuori: resolveu virar gestor em maio de 2017. Deu lugar a Eduardo Baptista. Autuori pediu demissão em julho de 2017
- Bruno Pivetti: voltou para a comissão técnica após dirigir o time no Estadual
- Eduardo Baptista: demitido pela diretoria em julho. Deu lugar a Fabiano Soares
- Fabiano Soares: demitido pela diretoria em dezembro. Deu lugar a Fernando Diniz
2018
- Fernando Diniz: demitido pela diretoria em junho. Deu lugar a Tiago Nunes
2019
- Rafael Guanaes: voltou ao time sub-20 após dirigir a equipe no estadual. Saiu em 2021 para acertar com o Sampaio Corrêa-MA
- Tiago Nunes: demitido pela diretoria em novembro, depois que ele decidiu não renovar contrato e fazer acordo com o Corinthians para 2020. Deu lugar a Eduardo Barros
2020
- Eduardo Barros: voltou a ser interino em fevereiro. Deu lugar a Dorival Júnior. Reassumiu em agosto
- Dorival Júnior: demitido pela diretoria em agosto. Deu lugar a Eduardo Barros
- Eduardo Barros: demitido pela diretoria em outubro. Deu lugar a Paulo Autuori
2021
- Paulo Autuori: após assumir em outubro de 2020, resolveu virar dirigente em fevereiro de 2021. Deu lugar a António Oliveira. Voltou a ser técnico interino em setembro e voltou a ser dirigente em outubro
- António Oliveira: demitido pela diretoria em setembro. Deu lugar a Alberto Valentim
2022
- Alberto Valentim: demitido pela diretoria em abril. Deu lugar a Fábio Carille
- Fábio Carille: demitido pela diretoria em maio. Deu lugar a Luiz Felipe Scolari
- Luiz Felipe Scolari: resolveu virar dirigente ao fim do ano. Deu lugar a Paulo Turra
2023
- Paulo Turra: demitido pela diretoria após a saída de Luiz Felipe Scolari para o Atlético-MG, em junho. Deu lugar a Wesley Carvalho
- Wesley Carvalho: contrato acabou em dezembro e não foi renovado. Deu lugar a Juan Carlos Osorio
2024
- Juan Carlos Osorio: demitido pela diretoria em março. Deu lugar a Cuca
- Cuca: pediu demissão em junho, mas não para ir para outro clube. Deu lugar a Martin Varini
- Martin Varini: demitido pela diretoria em setembro. Deu lugar a Lucho González
- Lucho González: demitido pela diretoria em dezembro. Deu lugar a Maurício Barbieri
2025
- Maurício Barbieri: demitido pela diretoria em maio. Deu lugar a Odair Hellmann
Fonte Bem Paraná